sexta-feira, 9 de julho de 2010

Excentricidade Flamenca

A mistura de ritmos que dá origem à música espanhola moderna

Poucas pessoas falam com tanta autoridade sobre o flamenco quanto o bailarino cubano, Miguel Alonso, 34, que já foi o Primeiro Bailarino de Cuba. O Flamenco é um estilo musical e um tipo de dança de origem cigana, com raízes profundas na cultura moura - árabe e judia – que vem se modificando com a influência latina em suas músicas e passos. Ritmos como Bossa Nova, Salsa, Merengue, Rumba, Tango entre outros têm suas músicas “aflamencadas” e muitas vezes passam a fazer parte do estilo.

Qual é a origem do flamenco?
Bem, o flamenco nasceu entre os gitanos (ciganos) e os mouros (árabes e judeus) em Andaluzia, na Espanha. Inicialmente era composto apenas pelo cante (canto) sem acompanhamento, logo depois foram agregando a guitarra flamenca, as palmas e o sapateado, para só aí entrar o baile, a dança. O flamenco que conhecemos hoje é o resultado da mistura do pop, jazz, rumba e salsa, antes ele era conhecido como Jondo e era mais clássico.

O flamenco recebe diversas influências musicais desde a sua origem. Como ele recebe e reage à influência latina?
Por intermédio dos bailaores flamencos, que viajam para fazer show a vários países e têm contato com a cultura, chegando muitas vezes a comprar CD’s e DVD’s de artistas renomados, mas que não possuem carreira internacional, e acabam adaptando os ritmos, se é que se pode dizer adaptar, bem... eles aflamencam as músicas.

Quais são os ritmos que podem ser "aflamencados"?
Teoricamente todos, na verdade refaz-se a melodia incluindo entre os instrumentos tradicionais, os instrumento flamenco, como o cajón, a castanhola e a guitarra flamenca; e no cante estica-se mais as notas que são cantadas em tom de lamento.

E quais não podem?
(risos) Eu acho que aqui no Brasil o sertanejo não combina muito. Mas também tem o axé, o calipso, o rap, enfim acho que aqueles que não se dariam bem com uma melodia lamentada, como eu já disse, rica em emoção.

Artistas da música brasileira, como a cantora Ana Carolina, cada vez mais estão incorporando em suas canções esses instrumentos utilizados no flamenco. O que você acha disso?
Acho super legal, sou cubano e adoro essa mistura de ritmos. Os artistas brasileiros são feras na autoria de músicas, porém muitos ainda têm medo ou receio de arriscar tendências, porque o uso desses instrumentos já está virando tendência.(risos)

O guitarrista flamenco Fernando de La Rua compõe suas músicas inspirado em músicas brasileiras, você pode citar alguma, ou algum ritmo?
Bom, o que falar do mestre Fernando...Ele pega músicas do Tom Jobim, Vinicius de Moraes e outros grandes da MPB e Bossa Nova e põe alma flamenca nelas, que sozinhas já são bem melódicas e ficam ainda mais belas.

Você faz ou faria alguma mistura de ritmos por sua conta e risco? Quais você usaria?
Olha, eu acho que faria um samba flamenco.(risos) Desde que cheguei aqui no Brasil me encantei pelo samba. Acho que foi uma das primeiras coisas que quis fazer, aprender a dançar samba, logo no primeiro dia, depois de mais de 9 horas de viagem. Sambaaar. Mas, voltando à pergunta, já aflamenquei tango argentino de Gardel, salsa cubana, enfim, não tenho medo de inovar, gosto de desafios, quanto mais diferente ficar, melhor será o resultado.

E o resultado foi bom?
Com certeza. A plateia vibrou diante da apresentação de uma das coreografias apresentadas no espetáculo de final de ano do Espaço Flamenco Yara Castro. Claro, um evento como este recebe pessoas que gostam dessa arte, mas também familiares de alunos que muitas vezes vão só porque é a neta, a sobrinha, a filha e etc. A grande maioria já tem uma certa idade e curtiu algumas músicas no som original e, então delira ao ouvi-la “aflamencada”. É um show.

Além do Fernando (de La Rua) você pode citar outras pessoas que fazem flamenco dessa maneira?
Atualmente quase todas as pessoas envolvidas com o flamenco usam esse método no mínimo excêntrico, (pensa) coreógrafos, bailarinos, músicos, que além de mesclarem as músicas, também fazem suas criações inspirados nos outros ritmos e por incrível que pareça, fica lindíssimo e, muitas vezes os alunos mesmo com pouca experiência flamenca traz uma música que gosta e dá certo. Além é claro, de pessoas flamencas por natureza, como o cantor Alejandro Sanz, que é gitano e a maioria de suas músicas, se não todas, são flamencas, ele tem uma voz roucamente flamenca, ele tem presença de palco flamenca, toca sua guitarra, seu violão com entonação flamenca. Acho que ele vale por todos.

domingo, 13 de junho de 2010

A Copa que mexe com a fé

Na Copa de 1970 cantava-se: “90 milhões em ação, pra frente Brasil, do meu coração...” Hoje, poderíamos alterar a primeira parte da letra para: 190 milhões em ação...Porque, por mais que a pessoa não goste de futebol ou de copa do mundo, quando tem jogo do Brasil o coração bate mais forte.
Prova disso são os padres e as freiras que se mobilizam para assistir aos jogos. Nos conventos não falta empolgação. Não tem decoração, mas a camiseta não falta e é vestida por quase todos; só não veste quem não tem, ou não pode.
No convento de Nossa Senhora das Graças, vivem cinco frades que torcem muito pelo Brasil, eles assistiram o primeiro jogo sozinhos em uma sala de TV, mas para assistir os próximos se reunirão com outros 19 padres do seminário que fica ao lado do convento. “Como prato principal teremos pipoca”, diz Frei Fernando.
A idade dos frades e seminaristas varia entre 18 e 80 anos e absolutamente todos gostam de futebol. O seminarista mais velho, cujo nome não foi divulgado, não pode ouvir falar em futebol que já sai correndo para frente da TV. Ele é quem empolga os outros.
Já no convento das Carmelitas do Espírito Santo as 21 freiras são mais comportadas, apesar de não viver em clausura. Elas assistem aos jogos, comem pipoca, mas não vestem a camisa; vestem o hábito, a roupa tradicional. Porém não deixam de torcer.
A irmã Soraia Schultz, 18, diz ser apaixonada por futebol e que se não fosse freira, com certeza seria jogadora. “É uma profissão de desafios tanto quanto a minha. Temos que enfrentar muitos tabus ao optar por uma delas”, afirma.
Ao ser questionada sobre as freiras que jogaram futebol com o Ronaldo Fenômeno ela desabafou: “acho que foi uma oportunidade única, para poucas. Com certeza se tivesse oportunidade também iria. Infelizmente aqui não temos um grupo interessado em formar um time. Mesmo porque a doutrinação não permitiria”.
Em contrapartida há os que não aprovam a copa ou os jogos, por exemplo, no Mosteiro de São Bento, Dom Gregório foi enfático ao declarar: “Sim nós assistimos aos jogos da Copa, mas não há decoração no mosteiro, pois o centro de nossa vida não é a copa do mundo, mas a pessoa de Cristo. Os jogos são momentos de lazer e apenas isso”.
Muitos no mosteiro na hora do jogo se recolhem em seus quartos em oração, não para o Brasil, mas para purificação.

Curiosidades

Os mesmos padres que hoje não se interessam ou se interessam muito pelo futebol foram os responsáveis pela vinda do futebol para o Brasil, segundo o estudo do historiador José Moraes dos Santos Neto, formado pela Unicamp e integrado atualmente no quadro de docentes do Colégio Pio XII, em Campinas. Ela é autor do livro Visão de Jogo: Primórdios do Futebol no Brasil. Em 118 páginas, Neto defende que Charles Miller não seria o introdutor do futebol no país, como se tem na história oficial.
O esporte teria chegado aos campos de terra batida indígena através dos jesuítas no século XIX e teve como responsável indireto o diplomata e jurista, Rui Barbosa que em excursão à Europa juntamente com o padre José Mantero, que anos depois se tornaria Reitor do Colégio São Luis, trouxe do estrangeiro duas bolas de capotão, que ao se desgastarem eram substituídas por bexigas de boi. Os padres a partir daí inventaram regras, e a divisão de dois times que teriam como meta levar a bola até a marca feita na parede do campo adversário, hoje conhecido como GOL.
Portanto, Charles Miller perde seu mérito? Não! Afinal foi ele que introduziu a modalidade nos clubes de elite de São Paulo na época. Filho de ingleses, era hábil freqüentador desses lugares.
No entanto, a Copa está apenas começando e seja pelos padres ou pelo filho de ingleses, o fato é que o Brasil é o favorito e o único país participante de todas as edições da copa do mundo.
E terá 190 milhões de torcedores que gostam ou não gostam de futebol, mas que amam o Brasil.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Escola da Família: Valor economizado por três

Universitários podem ter até 100% de desconto na faculdade, uma economia e tanto se for levado em conta quatro anos de mensalidades que variam de R$400,00 a mil reais, ou seja, uma média de 84 mil reais ao final do curso.
Esse benefício é possível através do projeto do Governo do Estado São Paulo, Escola da Família, criado em agosto de 2003, que proporciona a abertura de escolas da Rede Estadual de Ensino, aos finais de semana, com o objetivo de criar uma cultura de paz, despertar potencialidades e ampliar os horizontes culturais da população.
O aluno inscrito recebe orientações sobre o trabalho que irá desempenhar e toma conhecimento de seus direitos e deveres e aí é só ajudar na orientação e aprendizado dos membros da comunidade, todos os sábados e domingos por seis horas em cada dia. Voluntários também auxiliam nesse trabalho.
Segundo a educadora profissional do projeto, Sandra Regina Clemente, a violência e depredação desses locais reduziu consideravelmente depois que as escolas começaram a abrir para a comunidade, tanto que na época das férias de julho e dezembro, muitas escolas sofrem assaltos ou são depredadas por se manterem fechadas, obrigando seus diretores a retirarem objetos de valor dos locais nesse período, além de aumentar a segurança.
O Estado paga 50% do valor da mensalidade para a universidade, desde que este não ultrapasse R$267,00/mês e esta por sua vez é isenta de alguns impostos, cujos nomes e valores não foram divulgados, mas que são bem significativos.
Em contra partida o governo exige que as elas cobrem resultados dos alunos participantes, bem como portifólios com pelo menos um projeto direcionado à comunidade na área em que estuda, ou seja, um aluno de direito presta assessoria às pessoas que necessitem de orientação para casos de separação conjugal, aluguéis de imóveis e outros processos simples, afinal são estudantes. Essas ações são reconhecidas como atividades complementares, que também são contadas como horas/estágio. Porém, não são todas as universidades que cobram e muitos alunos não orientados nesta questão, deixando na maioria das vezes cair por terra idéias que poderiam dar certo, diz Sandra.
Todos os cursos são aceitos pelo governo, mas os da área da educação têm prioridade no projeto.
Portanto pode-se perceber que o aluno ganha uma bolsa de estudos completa, economiza cerca de 84 mil reais, mas perde seus finais de semana. O Governo desembolsa no máximo R$267,00, concede abatimento de impostos, mas tem seus patrimônios preservados e ativos, e a universidade concede o abatimento de uma porcentagem da mensalidade do aluno que pode ser muito menor do que o valor que deveria pagar de impostos e é anistiada.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Jeca volta a ser notícia

Mazzaropi: a verdadeira história de quem contou histórias...


Os últimos três anos foram de intensa pesquisa para a jornalista Marcela Matos, autora do livro “Sai da frente! A vida e a obra de Mazzaropi”. A biografia de Amácio Mazzaropi foi lançada, pela editora Desiderata no dia 08 de abril, véspera do aniversário do artista. Na ocasião também foi reinaugurado o museu que leva o nome de Mazzaropi. Leia os melhores trechos da nossa conversa com a autora:


Seu livro é o pioneiro em informações sobre Mazzaropi. Como você as conseguiu?
Na verdadenão esiste parente vivo dele. A mãe dele morreu dois anos depois da sua morte. Ele tem dois filhos, que considerava adotivos, mas nunca registrou. Esses filhos desapareceram, não se apresentaram nem para o espólio. Então eu conversei com pessoas que trabalharam com ele. Pessoas que estavam envolvidas no processo do espólio e com advogados. Pessoas que de alguma forma participaram da história dele.

Qual foi a etapa mais difícil da pesquisa?
Toda a pesquisa foi complicada. Alguns momentos da vida dele são cheios de informações, como por exemplo, na participação dele no cinema. Mas do começo da carreira, na época em que atuava em circo, são poucas as informações. Sobre o período da infância então, foi muito difícil de encontrar. Porém, você vai procurando e encontrando. Eu achei uma entrevista que ele deu para a revista Realidade em que conta detalhes da infância. Fiquei radiante quando encontrei aquilo. Muitas respostas que eu procurava estavam lá. É um verdadeiro garimpo. Não é uma coisa fácil.

Você escreveu a biografia da fundadora da Casa Cor e agora a do Mazzaropi. Existe alguma diferença entre elas?
Então, Casa Cor foi uma situação diferente. Eu conhecia a fundadora (Yolanda Figueiredo). Ela tinha vontade de escrever uma biografia, mas tinha um pouco de vergonha, um pouco de medo de ser pretensiosa. Foi um projeto, vamos dizer assim, encomendado, eu escrevi a pedido dela e o tempo todo sobre a análise dela. É um biografado vivo. É difícil porque em alguns momentos do livro ela dizia: Não!! Isso é melhor não detalhar...

E Mazzaropi...
Como o Mazzaropi, o que aconteceu foi o seguinte: eu comecei a trabalhar para o Hotel Fazenda Mazzaropi em 2000, e na época o acervo que se tinha dele era muito pequeno. Quando ele morreu e houve a briga pelo espólio, foi cada coisa para um lado e não ficou nada da essência dele. Quando um empresário comprou o Hotel Fazenda Mazzaropi, eles começaram a receber ligação de gente que falava assim: Ah, meu pai trabalhou com o Mazzaropi, eu tenho um monte de fotos dele sendo maquiado para o filme tal, o que eu posso fazer com isso, e aí doavam esse material. O hotel criou um museu, uma coisa simples, mas que foi crescendo. E eu fui conhecendo o outro lado do Mazzaropi, percebi que ele não era só aquele ator comediante, contador de piada. Ele tinha uma visão empreendedora muito grande e me interessei em fazer um livro ou alguma coisa sobre ele. Até o momento não tinha nada muito específico publicado sobre ele . O que tinha era muito mambembe merecia uma pesquisa mais aprofundada.

Fazer cinema hoje no Brasil ainda é complicado. Por que o cinema daquela época, feito por ele dava certo e hoje não dá?
Eu não pensei que o livro fosse provocar essa discussão. Nos anos 60 e 70, ele fez um filme por ano, e mais até, com um sucesso de bilheteria incrível. Ele produziu todos os filmes, ele comprou uma fazenda, ele comprou equipamento, ele contratava gente e ainda assim ele tinha lucro; nunca pediu dinheiro para o governo, nunca utilizou leis de incentivo. Eu faria essa pergunta aos cineastas.

Você acha que o sucesso dos filmes dele era porque as pessoas se viam dentro daquela situação?
Sim, com certeza. As pessoas se identificavam com ele. Elas se viam nessa simplicidade. Esse é o segredo do sucesso dos filmes dele. Até porque o cinema, de maneira geral, trazia uma coisa entre Glauber Rocha e aqueles filmes que se até hoje gente assistisse, ia ficar discutindo por horas. O povo gostava de algo para rir e se identificar.

Ele foi o precursor do sucesso do cinema brasileiro?
O Mazzaropi está entalado na garganta de muita gente. Eu não acho que o cinema hoje deve o sucesso à ele. Ele foi lá, fez os filmes dele. Não tem ninguém tentando lhe superar. Ele começou trabalhando na Vera Cruz (companhia cinematográfica) que fez exatamente o oposto do que ele. Construiu um negócio gigantesco, trouxe gente da Itália, comprou equipamentos de não sei onde, pagava salários altíssimos para o iluminador e faliu porque não tinha como fechar aquela conta. E o Mazzaropi não, ele fez uma coisa mais simples. Fez um estúdio lá no interior que foi crescendo devagarzinho e deu certo.

O título foi escolhido por existir um filme dele com o mesmo nome ou pela personalidade dele?
Foi uma sugestão da editora que eu gostei muito por ter muito a ver com a personalidade do Mazzaropi. Desde o começo, ele foi uma pessoa que não se deu por vencido com as barreiras. A primeira barreira foi a família, mas ele tanto fez que a mãe foi ser atriz na trupe. Ele foi para o rádio, para a televisão e não desistiu em nenhum momento. Até o final da vida, ele foi vencendo as barreiras, então eu acho que “Sai da frente” tem a ver um pouco com a essa característica dele.

Você acha que ficou faltando alguma coisa?
Faltando não, mas a história dele é interminável. No dia do lançamento, em Taubaté (interior de São Paulo) conheci duas pessoas na fila de autógrafos que poderiam estar no livro: uma senhora me disse: “eu sou a madrasta dos donos do hotel, eu acompanhei a compra da propriedade”. Eu nunca soube da existência dela, é uma personagem importante, só que eu a conheci naquela noite. Conheci também o médico que fez o primeiro diagnóstico (Mazzaropi tinha câncer na medula) dele. Na verdade, se eu continuasse pesquisando ia descobrir mais coisa.

Na vida dele tinha muito do Jeca Tatu?
As pessoas confundiam um pouco a figura dele, achavam que ele era esse caipira bobão, o que realmente ele não era. Ele era um sujeito refinado, viajado, no auge dos anos 60 morava no Itaim (região metropolitana de São Paulo). Mas ele encarnou muito bem o personagem, até por trabalhar no interior de São Paulo e ter contato com matutos da região do vale do Parnaíba.

No livro pouco se fala da vida pessoal e da sexualidade dele. Por quê?
Ele foi um sujeito que viveu para o trabalho, então é difícil falar da vida pessoal. Ele tinha alguns cachorros na fazenda. Não teve muito essa coisa “família”. A família dele era a própria mãe. Sobre a questão da sexualidade, eu não achei nada que fosse relevante ou que fosse sério. Se ele realmente fosse homossexual ou tivesse tido um caso com alguém, eu não tiraria do livro, mas não era essa a proposta. Acho que isso que não faria diferença na história dele.

Você disse no final das pesquisas se sentia próxima a ele, como se o tivesse conhecido e, dizem que quando conhecemos bem as pessoas e convivemos com elas somos capazes de pensar como elas. (interrompida)...
Tá me achando com parecida com o Jeca? (risos)

(retomada)...O que você acha que o Mazzaropi diria do seu livro?
Eu acho que ele gostaria. Tem uma passagem no final que conta que ele conheceu um jornalista que foi o único cara que fez uma entrevista legal, com perguntas pertinentes. Tanto que eles viraram amigos. Ele tinha uma admiração por esse cara. Então, eu acho que ele iria gostar. É claro que ele ia achar uma porção de falhas, mas acho que ele iria gostar do estilo que as coisas foram ditas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Museu do futebol: O museu que não tem cara de museu

Um animado bate-papo futebolístico entre amigos e uma idéia surge: criar o Museu do futebol!

Foi assim que o então prefeito de São Paulo José Serra decidiu homenagear o esporte brasileiro. Ele concluiu que o futebol “merecia um espaço próprio de consagração, um centro de referências que preservasse e divulgasse a história desse esporte tão amado pelos brasileiros”.
E, a partir de 2006, treze meses depois daquela conversa entre amigos, uma média de 500 pessoas por dia podem apreciar seu sonho, o Museu do Futebol no Pacaembu.Uma área de 6.900 metros quadrados que abriga 24 espaços interativos emoldurados pela arquitetura nua e crua do estádio, embaixo das arquibancadas, sem nenhum forro. O Museu do Futebol veio para modificar o significado da palavra museu.
Além de vídeos, o espaço possui uma sala dedicada às personalidades que fizeram parte do singular universo cultural do Brasil, como Monteiro Lobato, Carmen Miranda, Cândido Portinari, Pixinguinha, Manuel Bandeira, Jorge Amado entre outros.
As exposições em sua maioria são sobre futebol, porém também encontramos expressões de arte e cultura, como por exemplo, na Sala das Copas, onde estão expostas fotos das seleções brasileiras em 8 totens, estão à elas entrelaçadas fotos e vídeos de artistas da música, teatro e novela traçando um paralelo entre a história do país do futebol. E, nesta mesma sala está exposta a camisa 10 usada por Pelé na copa de 1970, copa em que o Brasil conquistou o tricampeonato.
O acervo é composto por fotografias, depoimentos e entrevistas doadas por colecionadores, jogadores e clubes; não são encontrados troféus. As doações podem ser feitas por qualquer pessoa, desde que efetue primeiro o contato com a administração do museu através do e-mail: acervo@museudofutebol.org.br.
A acessibilidade está por toda parte, em quase todas as salas têm maquetes táteis destinadas a deficientes visuais, as que não têm maquete são salas de áudio e vídeo, ou seja, mesmo que o deficiente não consiga enxergar o que está sendo exibido na tela ele pode ouvir. Os deficientes auditivos também têm fácil entendimento dos vídeos, pois eles são legendados e, é claro, os deficientes físicos e com cadeiras de rodas serão levados aos ambientes superiores por escada rolante ou por elevador.
De fevereiro a maio serão realizados no auditório Armando Nogueira, também no estádio do Pacaembu, oito encontros em que será discutida a participação do Brasil em cada uma das 17 Copas do Mundo, já que o Brasil é o único país participante de todas elas e também o único pentacampeão mundial. A série Brasil nas Copas conta com a colaboração de pesquisadores e jornalistas que debaterão o assunto e exibirão filmes.
O desempenho dos brasileiros nos três primeiros mundiais, 1930, 1934 e 1938 é assunto debatido pelo jornalista e pesquisador Max Gehringer, em sua palestra sobre “Copas do Pré-Guerra”, mas quanto ao pós-Guerra, ou seja, a seleção de Dunga e a Copa de 2014 que será no Brasil, Max é objetivo; ele acha que a seleção está excelente, confiante e que é a favorita, e que o país está totalmente preparado para 2014.
Max abriu a série com sua palestra que será seguida por outras sete. Lembrando que todas elas são gratuitas e as senhas serão distribuídas 30 minutos antes do início de cada uma.

E por falar em seleções, o Brasil tem as suas particulares, as dos clubes de futebol. Mas vamos ficar em São Paulo.
A metrópole tem quatro clubes principais, Corinthians, Palmeiras, Santos e SãoPaulo, três deles têm seu memorial, seu museu onde guardam as relíquias de suas conquistas. Vejamos:

Corinthians
Idealizado pelo presidente Andrés Sanches e inaugurado em 27 de janeiro de 2006, o Museu do Corinthians é uma realidade virtual da entrada à saída. Logo de cara os visitantes se vêem dentro do vestiário dos jogadores, com chuteiras, toalhas, camisas etc. Em seguida entram em uma sala em que são passados vídeos da torcida, depois vem a sala dos ídolos, onde estão expostos os 42 maiores ídolos corintianos escolhidos pela diretoria e a sala de troféus.

Palmeiras
A Sociedade Esportiva Palmeiras foi fundada no dia 26 de agosto de 1914 em meio a muitas dificuldades, mas com muitas conquistas. O Palestra Itália não possui um memorial, apenas uma sala de troféus e de bustos, além de oferecer um tour monitorado por todo o estádio, passando por setores como a sala de troféus, o campo, a sala de imprensa, o vestiário e etc.

Santos
O Santos Futebol Clube inaugurou o “Memorial das Conquistas” em 17 de novembro de 2003, Idealizado pelo presidente Milton Teixeira, o espaço tem 380 metros quadrados que abriga peças que são constantemente renovadas e foram doadas por torcedores, ex-jogadores e colecionadores; o rei Pelé tem um espaço especial dedicado. O clube também possui orientadores bilíngüe.

São Paulo
O estádio do Morumbi abriga o memorial do São Paulo Futebol Clube, espaço idealizado pelo presidente José Eduardo Mesquita Pimenta em 1994. Lá os visitantes poderão apreciar os troféus que o clube ganhou durante a sua história, além de objetos pessoas de jogadores. Fotosd e troféus são distribuídos em dois pisos.
O Clube oferece um tour monitorado pelo estádio e pelo memorial.

sábado, 21 de novembro de 2009

A era do disperdício

Na era digital é impressionante o uso abusivo do papel. Empresas de médio e grande porte levantam a bandeira de serem socialmente responsável, de não maltratarem o meio ambiente, utilizar papéis reciclados ou ecologicamente responsáveis; mobilizam seus funcionários para que façam bom uso do papel. Porém na prática não é bem assim.
Senão vejamos: o Bradesco utiliza o papel reciclado em 50% das suas correspondências e pretende atingir 100% da sua produção, mas apesar de todas as informações passadas aos funcionários, ao se fazer cópias de documentos frente e verso, por exemplo, eles preferem usar duas folhas alvadas – ou brancas. Outro exemplo é o Banco do Brasil, e nesse caso o prejuízo é ainda maior, pois são enviados aos clientes preferenciais informativos mensais em papel couchê (papel de boa qualidade); Essa prática é comum, mesmo o banco recebendo respostas de muitos clientes que preferem receber essas informações por e-mail e clamando pela conscientização ambiental e o gasto desnecessário do papel. Para piorar, com os dados cadastrais dos clientes sem atualização, 30 % das correspondências enviadas voltam para o banco e são jogadas fora.
O SEBRAE-SP divulgou uma pesquisa chamada Responsabilidade Social nas MPEs Paulistas que aponta que 74% das micros e pequenas empresas se preocupam em beneficiar as comunidades que estão ao redor das suas instalações com distribuição de cestas básicas, filantropia, mutirão de saúde, projetos sociais. A pesquisa mostra também que a fácil comunicação entre os empresários e sociedade é o que motiva a continuidade do projeto de reciclar para usar.
Felizmente as grandes empresas estão de certa forma se espelhando nas “menores” para definir seus projetos de sustentabilidade. Isso fará com que a comunicação entre a organização e a sociedade tenha um só fundamento, a conscientização de manter o que ainda temos e tentar reparar o que já destruímos não desperdiçando matérias que podem ser reutilizadas. Uma impressão errada pode ser usada como rascunho de algum setor, ou enviada para um processo de reciclagem para aproveitamento posterior. As árvores que foram derrubadas para se fazer o papel não serão plantadas a tempo, grandes empresas de papel – Stora Enso, Klabin, Suzano - tem planejamento de replantio de árvores, porém elas serão usadas para a fabricação de mais papéis e não para o reflorestamento.
O vice-presidente de qualidade e meio ambiente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) Edson Ferreira afirma que empresas sustentáveis duram mais, dão mais lucro e garantem emprego de seus funcionários.
Seja para conseguir o certificado ISO14001- certificação do Sistema de Gestão Ambiental que garante creditação internacional a empresa preocupada com o meio ambiente ou por preocupação com o futuro, é de bem que as instituições tenham um olhar para o presente e utilizem mais as ferramentas eletrônicas como meio de divulgação e se limitem a acoplar informações em periódicos seguimentados gratuitos, ao invés de panfletar o futuro em meio às informações que se perderão em um rio qualquer.

sábado, 14 de novembro de 2009

Seminário de Comunicação de Crise

Sabadão, 8:30...Rumo à facul para assistir ao seminário da professora e doutora em comunicação, Marcela Matos, que contou com a colaboração não remunerada...rsrs do gerente de crise da Cia Aérea Azul, Maurício Pontes; da RP da Odebrecht e do Consórcio Linha Amarela, Daniela Serigo e do diretor de comunicação coorporativa da Unilever, Marcos Freire.

Um seminário brilhante, com conteúdo e de quebra vale 4 horas de aulas complementares...


Obrigada Marcela!!!

Fotos: Glaucy rodrigues